domingo, 19 de julho de 2009

Aos olhos insones

Por falta de inspiração em prosa, ofereço aos simpatizantes do Tateando Amarras um soneto, de nossa própria lavra. Porque o mundo também precisa de poesia...

Aos olhos insones

Nesse palco mambembe vou singrando
Noites a fio, a madrugada esperando, nessas horas mortas
Por minhas mãos esses versos coxos
Buscam razão para essas linhas tortas

Não que eu queira jactar-me nesse ofício
No altar que os gigantes de outrora construíram
Apenas busco a lucidez que resgata
A razão perdida dos que desistiram

Nesses olhos míopes, vaga-lumes, o enredo de noites a vagar sem sono
Os uivos noturnos desses amantes
Misturam-se aos uivos desses cães sem dono

Quando enfim adormeço, a luz da manhã já singra a madrugada
Os amantes silenciosos recolhem-se em seus leitos
E os loucos ruidosos habitam as calçadas.


Fernando Brasil
17 de junho de 2008.

2 comentários:

  1. Olá Elton

    Tem sido muito difícil para mim comentar os seus posts,pelos assuntos,e pela extensão. Gente de fora como eu fica perdida. Daí,muitas veses, o Elton falar de alhos,e eu de bugalhos.O que tem valido é o Elton ser compreeensivo,dando o devido desconto. Posto isto,vamos lá ao que se me oferece dizer depois da leitura dos seus dois longos textos,com imensas pontas por onde lhes pegar.
    Claro que só vou pegar em duas ou três,que estão mais ao meu alcance. De resto,estou cá deste lado, tão diferente em solos e climas.
    Começo pelas espécies nativas,com a sua alta eficiência na absorção dos nutrientes. Aqui está uma rica linha de investigação,recorrendo ao que já há,e ao melhoramento. Produzir o mesmo com menos, um objectivo a atingir. Frugalidade é que é preciso,em todos os sectores,com Malthus,ou sem ele.
    Falou na manta morta,afinal,uma coisa parecida com o que se passa na Amazónia. Uma riqueza aparente. Ida a manta,pode ser uma carga de trabalhos.
    O terceiro ponto prende-se com o primeiro. Solos pobres químicamente,falando dos catiões de troca,mas pobreza que é compensada com outras capacidades,o intemperismo químico,estimulado pela temperatura,pela humidade,e, sobretudo,pelos "amigos bichinhos", e pelos exudados(o que vai ali de agentes mobilzadores,ácidos,complexantes,atingindo macro e micronutrientes).
    E pronto,Elton,parece que não meti muita água. O Elton o dirá. Muito boa saúde.

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  2. Meu Prezado Manuel,

    Para mim é uma grande satisfação dialogar com você nestas nossas “cartas blogueiras”. Há sempre uma nova leitura que você faz, há sempre um ensinamento na sua coleção de experiências profissionais e da vida. Sou-lhe muito grato por isso. Sou amante de uma boa conversa.

    Quanto aos assuntos, às vezes quero por todas as idéias em um só texto, quando deveria preparar mais de um, talvez.

    Mas você entendeu bem. A coisa nas florestas da Serra do Cipó funciona à semelhança da Amazônia. É um equilíbrio frágil, construído ao longo das eras (éons). É um ambiente que necessita de ser tratado com delicadeza, e o homem geralmente não é delicado no trato com a natureza.

    Quanto à variabilidade de assuntos, se você alguma vez necessitar de algum esclarecimento sobre as coisas de cá, terei grande satisfação nesta tarefa, naquilo que estiver ao alcance de minhas chinelas, como você disse certa vez.

    Sinto-me honrado por sua colaboração e o agradeço por isso.

    Abraços e boa saúde para você também!

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