sábado, 12 de dezembro de 2009

Ecologia de Florestas Tropicais do Brasil


Por Elton Valente

Tive a honra de participar como co-autor de um dos capítulos do livro Ecologia de Florestas Tropicais do Brasil, recentemente lançado pela Editora UFV e editado pelo Professor Sebastião Venâncio Martins, do Departamento de Engenharia Florestal, da UFV.

No Capítulo 5 encontra-se parte de minhas pesquisas de doutorado, que trata das relações entre o solo e a vegetação, em transectos de Campo Rupestre para Capões Florestais, nas partes mais elevadas da Serra do Cipó, no Espinhaço Meridional-Sul.

Em que pese minha ignorância, ainda não havia no Brasil uma obra tratando da ecologia de florestas tropicais, principalmente na forma e na profundidade com as quais o assunto é tratado neste livro.

Por este meu pequeno ensaio de vôos mais audaciosos, deixo aqui no Tateando Amarras os meus agradecimentos ao Professor Sebastião Venâncio e ao Professor Carlos Ernesto Schaefer.

domingo, 15 de novembro de 2009

Lula, a boçalidade e a arte de nivelar por baixo

Imagens, fontes: 1, 2 e 3

Sempre afirmei que o governo brasileiro carece de estadistas. Alguns poucos que existiram no passado podem ser contados nos dedos de uma única mão. Aliás, no presente, o mundo inteiro está carente de estadistas. Os tiranetes bolivarianos dispensam comentários e Barackinho, o exterminador de moscas, a “esperança de redenção histórica da América”, para quem Lula “é o cara”, revela a cada dia o seu grande potencial de maior decepção política dos últimos tempos.

Não sou psicanalista nem psicólogo, mas dou conta de uma análise psicológica dessa gente. Barack Obama chamou Lula de “o cara” porque viu em Lula uma coisa que ele quer para si, sua única esperança de redenção fácil, o “espírito terceiromundista” da pessoa e daqueles que o apóiam.

Lula, em sua trajetória, por uma convergência de fatores mesquinhos, ganhou espaço, eleitores, um palanque privilegiado e de lá faz seus discursos pontuados por irresponsabilidades – impróprias a um governante – faz e fala parvoíces, torce os fatos, pauta-se pelo populismo, trata o Brasil como um grande sindicato e os brasileiros como um bando de sindicalistas encabrestados. A convergência de fatores mesquinhos lhe proporciona altos índices de aprovação popular. Não é aprovação de seu governo, é aprovação da pessoa, o brasileiro padrão não distingue estas coisas. Portanto, o que aprovam é o falastrão carismático (para os tolos) e populista... E Obama quer ser Lula – como nunca antes na história daquela América.

Obama também tem sua ascensão associada a uma convergência de fatores mesquinhos e quer “os braços do povo”, defende-se de críticas atacando o governo passado e a imprensa – mirou-se em Lula, o cara. Esta é a obsessão de Obama, mas lá ele sabe que não vai conseguir. Lá as Instituições Democráticas, há muito, nivelaram o sistema por cima e Obama não vai emplacar o seu viés tereceiromundista com imediatismos eleitoreiros, colocando “nos outros” a culpa de seus fracassos e de sua incompetência, como está querendo fazer agora. Como Lula faz aqui.

E aqui, Lula tem certeza de que nada no mundo é maior de que... Lula. Por isso ele teme o apagão, real e metafórico. Sua primeira obsessão sempre foi ele próprio, mas o seu alter-ego é FHC. Lula ataca FHC dia e noite porque Lula sonha-se FHC, e não se conforma com o fato de ter sido FHC a figura emblemática, a estampa do Plano Real. Lula queria (quer) o lugar de FHC no Plano Real e na história econômica brasileira. Mas Lula, embora pareça não ter noção do ridículo, tem alguma noção da realidade. Maluco ele não é.

O Plano Real nasceu de uma equipe de profissionais (Fernando Henrique, Rubens Ricúpero, Gustavo Franco, Pedro Malan e outros) no governo de Itamar Franco, mas vai passar para a história como A obra de FHC. E Lula morre de inveja. Porque Lula sabe que ele próprio vai passar para a história como um oportunista, um boçal que teve alguma sorte na vida. Teve sua “utilidade” vislumbrada por Golbery (um exímio estrategista) e o apoio de um povo sofrido que, no geral, não conseguiu enxergar a boçalidade de Lula. E esse povo ainda lhe dá apoio. Caso contrário ele teria sofrido impeachment lá no auge do “mensalão”. E ele sabe disso. Mas ele, Lula, precisa conformar-se consigo mesmo, com sua insignificância diante da grandeza de homens dignos de uma nação, e por isso ele precisa mentir, dissimular, fazer metáforas baratas, encantar a plebe com seu circo de boçalidades, torcer os fatos e a história, nivelando tudo e todos por baixo, e aí receber os aplausos da patuléia, e dos comensais, e se conformar, iludindo-se: “eu sou o cara”.

A segunda obsessão de Lula é mais recente. É proporcionada, no momento, por Dilma, a ex-guerrilheira. A boçalidade de Lula e do PT é tão grande que inventaram agora o “continuísmo” de Lula via Dilma – confiantes que estão na aprovação popular de Lula (do homem, não de seu governo), acreditam que vão conseguir convencer o povão a comprar Lula, mas levar Dilma. O tempo dirá.

Lula nivelou o Brasil por baixo. O Brasil ficou mais burro nestes tempos de Lula e PT. Mas embora emburrecido, não ficou idiota. Tenho minhas dúvidas se o Brasil vai engolir uma perereca pensando em um “sapo barbudo”. Falando assim dá até para ter saudades dos tempos do Brizola. Naquele tempo o Brasil tinha sua cota de burrice, mas pelo menos não era nivelado por baixo. Havia respeito pela inteligência alheia.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Nestes tempos de vestidos curtos...


Por Elton Valente

Além da respeitável Geisy, nestes tempos de vestidos curtos, às vezes avaliados por mentes pequenas e ignorâncias imensuráveis, já arrefecendo os humores e mudando o tom da prosa, mas mantendo o foco e o ângulo naquilo que interessa (sem trocadilho), recomendamos a leitura bem humorada do cronista Xico Sá, um caririense legítimo, no Yahoo!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Inacreditável Brasil desta era esquerdista

Imagens, fontes: 1 e 2

Segue um pretenso soneto, de nossa própria lavra, para arrefecer os ares contaminados pelo bafo desses talibans.

Para Geisy e para a Mulher Brasileira...

Inacreditável Brasil desta era esquerdista

Os talibans da Uniban-Brasil vigiam, espreitam
O seu vestido rosa, sua jaqueta cinza
Se você não ousa, se você não fala
Sobrevive ainda...

Nunca antes na história destepaís
Houve tanta ignorância. Nem nos tempos da censura
Quando o seu passar dava samba: a garota de Ipanema
Nestas terras de Iracema, até o Gabeira usava tanga

A turba ululante, instintiva, irracional
Delira na própria ignorância e xinga
Quando você passa, quando você ginga

O muro de Berlim ruiu, mas aqui ainda há comunistas
Neste mar de incoerências, o seu rebolado é uma afronta
A muita gente esquisita...

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Fernando Brasil
10 de novembro de 2009

Nota: Por sugestão da equipe, o desfecho foi alterado às 12:08.

domingo, 8 de novembro de 2009

Os talibans da Uniban, ou os Mulás Unibans

Imagem, fonte: Julia Chequer / R7.
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Por Elton Valente.
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Os organizadores do Tateando Amarras manifestam o seu repúdio à atitude abjeta dos agressores e da direção da Uniban no caso da aluna Geisy Arruda, que foi hostilizada por usar um vestido “curto” nas dependências daquela "escola". Matéria no G1.

Transformaram a vítima em ré, usando como argumentos leituras subjetivas, à margem dos direitos individuais que são a razão de ser de uma sociedade dita civilizada.

Pelas mãos e mentes da direção da Uniban, retornaremos à barbárie, em uma sociedade governada por mulás talibans. Ou, talvez, por mulás unibans.

Entre julgar sarneyísmos-lulismos e um vestido rosa sobre um corpo de mulher, a turba ululante e bestial e as mentes da Uniban, obviamente, optam pela segunda opção.

Depois de 20 anos da Queda do Muro de Berlim, paradoxalmente, vivemos no Brasil uma era político-administrativa de embrutecimento de homens e de almas. Ficamos mais burros e mais ignorantes. A imbecilidade e a bestialidade já manifestas na Uniban são um sinal dos tempos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Claude Lévi-Strauss


Imagem: Fonte

Os organizadores do Tateando Amarras lamentam a morte do antropólogo Claude Lévi-Strauss, anunciada ontem. Mais informações aqui e aqui.

Admirável, sobretudo pelo seu modo de fazer pesquisas, autor de Tristes Trópicos, Claude Lévi-Strauss, à semelhança de Charles Darwin, buscou conhecer profundamente o seu objeto de pesquisa, empenhando, portanto, boa parte de sua vida neste processo.

“Fundador da Antropologia Estruturalista, é considerado um dos intelectuais mais relevantes do século 20” (nota no G1).

Por Elton Valente.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

José Saramago e Bento XVI

Imagens, fonte: Saramago e Bento XVI

Por Elton Valente

Ainda sobre o mais recente texto que publiquei aqui no blog, que pode ser encontrado logo aí abaixo, em Evolução Humana, Deus, Ciência e Filosofia.

Saiu hoje uma matéria pertinente na rede. Segundo a Agência EFE, de Roma, pelo Yahoo! Brasil, José Saramago acusou a Igreja de “reacionária” e Bento XVI de “cínico”.

"Que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual" desta pessoa, disse Saramago em um colóquio com o filósofo italiano Paolo Flores D'Arcais, que hoje lança "Il Fatto Quotidiano".

A matéria completa pode ser acessada aqui no Yahoo.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Evolução Humana, Deus, Ciência e Filosofia

Imagem: Os Dinossauros e Deus

Por Elton Valente

Faz mais de um século e meio que Darwin e Wallace desvendaram a parte essencial do mistério humano. Ou seja, Darwin e Wallace acabaram com o enigma humano e outros sustos da psicologia* monoteísta. A Ciência reiteradamente tem nos dito que somos o resultado de um processo natural evolutivo, e não um design metafísico.

Já em pleno gozo do tão festejado Século XXI, temos todas as chaves para nos libertar das bruxas e libertar as bruxas de nós. Temos todas as bases racionais para superar a ideia do bem e do mal metafísicos, dar esta fase de psicose** coletiva como encerrada e seguir em frente, sob uma ordem menos assombrada.

Não estou defendendo aqui um “ateísmo engajado”, porque não acho que este seja o caminho mais proveitoso. Não acredito na eficácia desse método. Minhas questões aqui também não pretendem atacar Dawkins, ou Clément Rosset, ou Saramago, ou Michel Onfray e tantos outros, até porque não quero me enveredar por esse caminho. Caso contrário eu teria que me debruçar sobre uma montanha enfadonha de epistemologias “teo-atéias” que existem por aí, muitas delas indecisas. Na prática, elas só desviam o foco da questão central.

Creio que avançaríamos muito mais se retomássemos as ideias dos pensadores do século XIX. Ainda que isto possa encerrar alguma coisa de paradoxal. Retroceder para avançar (acho que Sun Tzu já disse algo assim).

Há mais de um século, pela voz de Nietzsche, a cultura humana anunciou numa constatação: “Deus está morto”! Nunca existiu ato mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê desse ato, de uma história superior a toda a história até hoje! Disse Friedrich Nietzsche, em A Gaia Ciência (1882) – trata-se de uma alegoria. A leitura disso é trivial, mas vale a pena repetir: não foi Nietzsche nem ninguém que “matou Deus”, a evolução do conhecimento humano é que superou a idéia de Deus, Nietzsche apenas anunciou essa constatação.

Há aqueles que argumentam, eu por exemplo, que a espiritualidade, resumida na ideia de Deus, é parte da essência humana. Mas por outro lado eu defino a espiritualidade e, portanto Deus, como um efeito colateral da inteligência humana. Não precisamos negar nossa espiritualidade, precisamos apenas domá-la, como domamos nossos instintos, senão continuaremos domados por ela e, portanto, vassalos daqueles que sabem manipular estas fraquezas humanas.

Há ainda aqueles que argumentam que “tirar Deus do homem pode causar danos irreversíveis em seu hardware”. Numa população encabrestada e amedrontada pelos dogmas, pode ser. Mas não o será em uma população que, desde cedo, tenha educação de qualidade e esteja livre de maniqueísmos metafísicos.

Há um limite neste atual estágio de evolução do intelecto humano, da psique humana. Considero que, em relação à nossa espécie, existem pelo menos três linhas evolutivas: a evolução do bicho, mamífero, primata; a evolução tecnológica; e a evolução da psique humana, do intelecto. Esta última, acredito, no atual estágio em que nos encontramos, é afetada negativamente pela espiritualidade indomada. Se ela foi importante em um passado remoto, como fator de agregação social (às vezes de desagregações e guerras), no presente ela é um obstáculo. Creio que se não domarmos a espiritualidade, mudando a forma como lidamos com ela, não vamos mais avançar como poderíamos e deveríamos. Muito menos sair dessa caverna imunda, da qual Platão nos advertiu.

É preciso entender também que, com ou sem hardware danificado, alguns “sacrifícios” intra-específicos são parte da tônica da evolução das espécies. Foi assim e é assim com a evolução de todas as espécies que habitaram, habitam, e hão de habitar este planeta. Quando não declinam para a extinção, as espécies sofrem as pressões da evolução e ponto final!

Porque é desalentador constatar a realidade humana. Ainda que toda A Caverna (de Platão) esteja iluminada pelo conhecimento, o humano ainda é, em essência, reticente. Ainda não há massa crítica suficiente e bem formada. Isto, mais de um século depois de Nietzsche anunciar a morte de Deus em A Gaia Ciência e depois de Carl Sagan nos advertir com o seu didático O Mundo Assombrado Pelos Demônios (1997). Talvez a mais brilhante e objetiva obra de divulgação científica de todos os tempos. Nela, Sagan faz uma exposição didática excepcional do Método Científico e demonstra como ele é sistematicamente ignorado pela maior parte da população.

Pior que isso, a ciência é sistematicamente subjugada, intencionalmente, por “lideranças” em busca de prestígio e poder, trabalhando para produzir uma massa ignorante de pessoas desinformadas, amedrontadas, emocional e materialmente carentes, sem capacidade crítica. E “nossa” dependência de Deus é usada e abusada inescrupulosamente por tais “lideranças” na feira da busca pelo Paraíso, o mercado da salvação das almas. Um filão inesgotável de riqueza material, prestígio e poder, em benefício de poucos e sacrifício de muitos.

Sagan argumenta em seu livro que a desinformação e a falta de capacidade crítica constituem um grande perigo para a sociedade. E demonstra, em linguagem absolutamente acessível, como o pensamento cético, a razão e a lógica devem prevalecer em favor da verdade, aquela que Nietzsche brilhantemente já havia proclamado ser relativa. Sagan demonstra como estas ferramentas são essenciais para descortinar pseudociências, fraudes, superstições, dogmas religiosos, cura pela fé, deuses, bruxas, percepção extra-sensorial, discos voadores (OVNIs) e outros argumentos que não se sustentam sob o escrutínio da ciência, da razão e do bom senso.

Observe que o primeiro lampejo do pensamento científico é atribuído ao grego-jônio Tales (séc. VI a.C.), em Mileto. A “Grécia” de então era, nada mais nada menos, do que um grupo de Cidades-Estado, sem relevância política, ocupando um território de topografia fragmentada ao longo do Mar Egeu. O único fator que as unia era o domínio da mesma língua. Aquela região não tinha nem mesmo um nome comum, o epíteto Grécia lhe foi dado pelos romanos. Estavam em um estágio inicial de desenvolvimento social, cultural e religioso. Sua religião consistia de um amontoado de deuses sem muita importância ocupando o Monte Olimpo. E aí reside um detalhe revelador. Era, portanto, um povo livre de religiões dogmáticas. Seus deuses eram semelhantes aos homens e não o contrário.

Para as religiões dogmáticas o homem foi criado à semelhança de Deus. Na Grécia os deuses foram criados à semelhança dos homens. Então, os gregos eram livres para questionar o mundo e o universo segundo sua própria razão.

E Tales fez o primeiro “tento” – “por que as coisas acontecem como acontecem?” – Mais importante ainda que a pergunta, foram as tentativas de respostas livres de um deus onisciente e onipresente. Este pensamento livre foi tão importante que iria influenciar toda a cultura ocidental dali para frente, e a Grécia se tornaria a referência cultural mais importante da civilização humana. Com reflexos em todos os campos, como artes, religião e ciência. Algumas vezes, quando este pensamento era tomado como verdade absoluta e associado a religiões dogmáticas, como foi o caso do modelo proposto por Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C), em vez de contribuir, atrasou o desenvolvimento científico.

Mas creio que dificilmente chegaremos a esse futuro superior, imaginado por Nietzsche e extraível daquilo que é didaticamente descrito por Sagan. Os obstáculos são muitos: os interesses espúrios, a covardia, a hipocrisia, a Educação que deveria ser A prioridade civilizatória e não é...

Vejam que estamos contabilizando a primeira década do Século XXI, ou seja, esta epopéia humana, de contornos babilônicos, fantasticamente está chegando ao ano 2010 do calendário gregoriano. Mas tristemente ainda evitando reconhecer e aceitar que a forma como lidamos com a espiritualidade é um grande obstáculo. Evita-se reconhecer a necessidade de levar a civilização a um estágio mais avançado, como definido por Nietzsche. Some-se a isto os modelos econômicos experimentados até agora, o socialismo-comunismo falido (todos eles consumaram A Revolução dos Bichos – o Brasil é o exemplo mais recente), o capitalismo predatório, a exploração de muitos por poucos, alargando as desigualdades sociais. E a “ordem estabelecida”, política e econômica, invariavelmente ligada ao poder das igrejas, das religiões, que se sustentam na ignorância do povo, e a ignorância do povo atrelada à espiritualidade indomada.

Portanto, com racionalidade, educação e bom senso, poderíamos considerar a possibilidade de um mundo pouco poluído, pouco degradado, com seus recursos naturais sendo racionalmente explorados, com uma população em número compatível com os recursos disponíveis, ou seja, poderíamos, em bases palpáveis, vislumbrar a possibilidade real de um mundo limpo e largo para todos.

Mas a humanidade ainda segue mergulhada em um mundo de escuridão. Um mundo ainda assombrado e assolado por demônios. Com Deus protegendo a integridade do hardware humano (?). E o mais inacreditável, paradoxal e absurdo disso tudo é que, desta vez, estamos vagando por este mundo em trevas com todos os faróis em nossas mãos, evitando acendê-los noite após noite, com medo da luz.

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(*) psicologia:
3 Conjunto de estados e processos mentais de uma pessoa ou grupo de pessoas, especialmente como determinante de ação e comportamento: A psicologia das massas.

(**) psicose:
2 Inquietação mental extrema de um indivíduo ou de um grupo social: Psicose de guerra.

Fonte: Dicionário Michaelis, aqui.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Manifesto Geofágico*

Fonte: Imagem (modificada)

Por Elton Valente


(Você pode até pensar que endoidamos, mas não há de dizer que mentimos!).

Só a Geofagia nos une. Biologicamente. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

À diferença, ou à semelhança – como queiram – do Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, pregamos aqui A LIBERTAÇÃO DA CIÊNCIA e da Verdade Geofágica.

Contra todas as amarras. Puristas, elitistas, idiomáticas, norte-americanistas, imperialistas, Inquisitórias, religiosas, eclesiásticas, moralistas, socialistas, comunistas, capitalistas, obscurantistas, maniqueístas, neo-medievalistas, egoístas, individualistas, populistas, conformistas...

A favor da Geofagia, pois todos os seres vivos são Geófagos. Em maior ou menor grau, direta- ou indiretamente, todos o são! E contra isso não há o que se possa fazer. Ninguém vive do éter! O sujeito, que é o dono do verbo, sobrevive porque pega mata e come!

Sob o Sol, tudo emana da Terra e em seu seio se curva! Não há como fugir desta lei!

Darwin acabou com o enigma humano e outros sustos da psicologia monoteísta. Alguém tinha de fazê-lo um dia, e Darwin o fez! Grande Darwin! Oráculo e Guru da Geofagia!

E já dizia o Livro do Gênesis (3:19), no tempo dos princípios e dos primórdios, "viestes do pó e ao pó retornarás"! Sentença que o elitismo eclesial da nobreza e a ignorância da plebe impediram de se interpretar à risca.

Mas nós afirmamos categoricamente, sem ardil de retórica: sois pó!

Caulim or not Caulim: that is the question!

Oswald manifestou-se "contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo".

In vino veritas? Não, Velho Caraíba, nós afirmamos, a verdade está no Solo!

O vinho, a uva, a videira e o enófilo SÃO terra úmida e sol reluzente. O resto é processo.

Ibitinga, tauá, tabatinga, ibirapitanga, pitanga, curumim-cutuba, cunhã-taí, cunhã-porã. São nada mais que processos.

E assim, naturalmente, sem magia ou revolução, O Anátema torna-se O Verbo, assumindo o lugar que é seu por direito, que lhe foi subtraído pelo império dos dogmas, enquanto se mantinham amordaçadas a Ciência e a Verdade, que a Geofagia exige libertas, em nome da razão e do bom senso!

Filhos do Sol e do Solo, não percam seu tempo buscando respostas no céu. Busquem os vestígios dos eventos geotectônicos, olhem para o chão, datem as rochas, os sedimentos, descubram os fósseis. Lá está a verdade.

A saúde de todas as espécies, Senhores Primatas, todas, vegetais e animais e outras, indistintamente, está no equilíbrio dinâmico da natureza – umbilicalmente ligada ao Solo. Lá, mais uma vez, está a verdade. Mas a medicina elitista insiste em ser curativa. Rende mais dividendos. Enquanto isso vamos navegando, de escorbuto em escorbuto, mais ou menos.

Você, Caraíba, e todos nós somos Geófagos. Gregos, Russos e Romanos. Gauleses, Saxões, Otomanos. Árabes, Latinos, Australianos. Ameríndios, Chineses e Africanos. A Geofagia nos une, mesmo que nos separe a Geografia, quando não as guerras e a hipocrisia.

Morte e vida incontestes. "Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência". Substância. Conhecimento. Geofagia!

O que atropela a verdade é a roupa e a arrogância, "o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior". A metáfora do homem vestido. Nus somos puros e belos.

Nunca fomos desnudados. O potássio de seus músculos que foi banana que foi feldspato ou mica. O cálcio de seus ossos que foi leite que foi capim que foi mármore que foi calcário que foi carapaça de moluscos no Cretáceo. E você ainda se acha 'o dono do pedaço'.

Foucault não é suficiente. É na Geofagia que está a construção e a desconstrução do sujeito.

A Geofagia nos constrói e nos destrói na mesma medida!

Sois pó!

Caulim or not Caulim: that is the question!

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(*) Nota: Tenho especial predileção por este Manifesto. Publiquei-o originalmente em 20/06/2009, no blog Geófagos. Embora ele apresente uma estética declaradamente inspirada na obra de Oswald de Andrade, os seus objetivos são outros.

Considero-o um razoável argumento contra a arrogância e a pretensão, defeitos graves e demasiadamente humanos.

Compreender e aceitar a Geofagia, em seu sentido lato, deixa de ser apenas uma constatação e torna-se uma virtude.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Pesquisadores jovens e velhos, cidadãos jovens e velhos: uma digressão


Fontes: imagem 1; imagem 2

Por Elton Valente

Sou, por assim dizer, “um pesquisador em início de carreira”. Demorei um pouco para retornar à Academia e, dependendo do critério que se use, não pertenço mais à categoria dos jovens. Trago, portanto, pelo menos um pouco dessa “experiência empírica” da vida e do exercício profissional – tenho alguns anos de exercício na condição de professor e de engenheiro agrônomo, principalmente em extensão rural – mas estou começando minha vida como pesquisador e retornando ao exercício da docência, agora em uma instituição federal de nível técnico e superior.

Creio que esse conjunto me habilita a emitir meus “centavos de opinião” nesta seara, ainda que pesem em minhas opiniões a tal “mediocridade”, a “opinião amadorística” e, principalmente, nossa ignorância. Como dizia o Professor Mauro Resende do DPS/UFV, a ignorância é intrínseca ao humano.

Os “velhos” geralmente levam alguma vantagem sobre os jovens no entendimento da vida, em função, por exemplo, de terem “esbarrado” com os mesmos conceitos diversas vezes e, portanto, terem avaliado tais “conceitos” em ocasiões e contextos distintos. Ou seja, levam vantagem pela oportunidade que tiveram de agregar novas informações aos mesmos “conceitos”, e daí tirar novas conclusões, talvez mais precisas. Podemos chamar a isso de “experiência de vida”, ou, em muitos casos, poderíamos chamar também de Maturidade e Sabedoria. Não quero dizer com isso que todos os velhos são sábios. Mas estas últimas, Maturidade e Sabedoria, deveriam ser sempre lembradas no trato com pessoas menos jovens do que nós.

Abrindo parênteses, o bom professor necessita de estar atento a este fato, o da “oportunidade de agregar novas informações aos conceitos”. É preciso ser ponderado na hora de cobrar “conceitos” dos alunos, principalmente nas avaliações. Aí, o que está certo, errado ou incompleto, geralmente é relativo e depende do nível de informações que cada um detém.

Mas, voltando ao que proponho, a relação entre jovens e velhos e as habilidades de cruzar informações e atribuir os devidos valores às coisas. Estas últimas são fundamentais em qualquer atividade a que nos aventuramos na vida.

Entre os primeiros grandes erros que podemos cometer encontram-se a arrogância e a pretensão. E é preciso que sejamos honestos com nós mesmos e com os outros. A intuição ungida na humildade é fundamental na leitura do mundo e das coisas, na capacidade de atentar-se às partes, aos detalhes, sem perder a noção do todo, ponderando o valor das coisas. E assim vamos reduzindo as chances ou probabilidades de se cometer erros, ou pelo menos ponderando o valor dos erros cometidos. Isto vale tanto para nossas atividades profissionais quanto para a vida e para a convivência entre as pessoas.

Todos nós, sem exceção, cometemos erros ao longo dessa experiência empírica que é viver. A diferença está na forma de lidar com eles, nos desdobramentos e no comportamento pós-erro. Os mais experientes tentam amenizar os “estragos” e reconduzir o processo ao curso natural das coisas. Outros (muitos) cometem novos erros na tentativa de solucionar os erros anteriores, radicalizando quando deveriam ser ponderados, calando-se quando deveriam falar, omitindo-se quando deveriam se manifestar.

Às vezes perdemos grandes chances, grandes oportunidades, grandes parcerias, ou até mesmo grandes amigos, pela falta de tato com a vida, pela falta de humildade, ou pelo excesso de arrogância, pretensão e orgulho e por cultivar nossos próprios dogmas enquanto criticamos os dogmas alheios.

E assim, em virtude das diversas circunstâncias já citadas, os mais “experimentados” geralmente percebem melhor a correlação de valores das coisas, compartimentalizando-as, sem perder a noção do conjunto. Sem perder a noção do real valor das coisas, daquilo que realmente importa. Isto é válido para qualquer atividade humana em seu particular, mas principalmente para o Exercício da Vida no conjunto. Pois a vida é muitíssimo curta e cheia de surpresas. E a curva do futuro nós temos de pavimentar hoje, é a única oportunidade que temos, pois em muitos casos “a fatura” do que fazemos hoje nos será cobrada lá na frente, quando não dá mais para nos justificar e reorganizar a ordem das coisas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Os Portugueses desvirginizaram o mundo


Fonte: Caravelas

Nota 1: Segue um poeminha (um pretenso soneto) de nossa própria lavra, pela Grandeza da Ibéria.

Nota 2: Na primeira vez, o verbo do título é difícil de pronunciar. Depois se acostuma (sem trocadilho).

Os portugueses desvirginizaram o mundo

Os portugueses desvirginizaram o mundo
Deixaram rendas nos trópicos
Mulatas nas salas de parto
Canhões nas pedras do porto

No êxodo Templário a gestação de um império
Que irrompe de uma Europa em arquejo
E o mar do mundo inteiro
É só uma extensão do Tejo

Águas virgens do mundo rasgadas no fio das quilhas
Do lastro armado, virilha
Das Caravelas da Ordem de Cristo

Ásia, África, Américas, um mundo inteiro no viço
Naus, mastros e velas, a força fálica da Ibéria
E a inauguração do mestiço

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Fernando Brasil
Por ocasião das comemorações dos 500 anos de achamento* do Brasil.

(*) by Pero Vaz de Caminha.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Questões ambientais, besteirol e o império do faz-de-conta

Assisti recentemente a uma reunião promovida por uma concessionária de serviços públicos, tratando de questões ambientais relativas ao abastecimento de água, cujo objetivo último era convencer a comunidade local sobre a urgência de cuidados com a água e a estruturação de um Comitê Local de Gestão para tais atividades. As concessionárias desta categoria têm, por obrigação legal, de tratar e cuidar destes assuntos. Não estão fazendo isso porque são “boazinhas”, mas porque a Lei assim o exige.

Por sua vez, a lei assim o exige porque o estado é pressionado pela nova ordem das coisas, ou novos paradigmas, como queiram. E esta nova ordem das coisas é pautada pela sociedade. Cada tempo na história humana tem seus próprios paradigmas, suas próprias exigências sociais. Nesta fase da civilização, as exigências prementes são as questões ambientais, aclamadas pelos quatro cantos do mundo. Portanto, o Estado, político por excelência, tem de seguir o compasso da valsa, senão corre-se o risco das rupturas.

Acontece que ainda não temos um nível de investimento em Educação suficiente para formar uma massa crítica, necessária em qualquer comunidade bem desenvolvida, para cobrar, “fiscalizar”, exigir que o poder público instituído cumpra bem o seu papel – leiam o livro “A Cabeça do Brasileiro”, de Alberto Carlos Almeida, está tudo lá. E o que vemos é um círculo, para não dizer um circo, de faz-de-conta.

A tal palestra foi realizada nas dependências de uma instituição educativa, da área agrossilvipastoril. Nada mais adequado. Além disso, o evento contava e conta com o total e apropriado apoio da tal instituição. Estavam presentes diversos segmentos da sociedade, desde o Poder Judiciário (com a presença do próprio Juiz da Comarca) até as Comunidades Rurais envolvidas. Todos de uma cidade pequena do interior. Havia ali, portanto, em função destas contingências e desses participantes, uma excelente oportunidade para se prestar um bom serviço. Mas, tristemente, o que se viu foi o oposto.

O palestrante, repleto de “boa vontade” era despreparado para aquilo que evento exigia. Exigia-se ali, para ocupar aquele púlpito, naquela ocasião, alguém que dominasse o assunto, com um bom poder de argumentação e convencimento, porque a ocasião era muito oportuna. Mas o palestrante não correspondia, minimamente, a esses requisitos.

Ele perdeu-se em argumentações vazias, sem dados técnicos confiáveis. Enveredou-se por metáforas pobres, usou uma ficção enviesada e absurda sobre um futuro próximo, com a humanidade transformada em monstrengos pela desidratação, com catástrofes onde se misturaram ficção grotesca, misticismo e drama pastelão. Fatos estes que, supostamente, vão ocorrer no final da próxima década, em virtude da, então, virtual falta de água. Um absurdo completo.

Primeiro, ele deu início às suas atividades com meia hora de atraso (atrasos desta natureza e duração eu considero, no mínimo, falta de respeito). O evento durou aproximadamente três horas, terminando para além das 22:00, em uma cidade do interior, onde os costumes são outros.

Mas a conclusão final da coisa, ou o resumo da ópera, é que ficou explicitado o fato de que a tal concessionária estava fingindo que cumpria o seu papel, pois não havia ali, na forma como o evento foi gerido, um mínimo de preocupação com a questão central tratada, que é muito séria: a gestão dos recursos hídricos com todas as sua implicações.

Como corolário, explicitou-se também, naquele evento, que o Estado está fingindo que cobra das concessionárias públicas o cumprimento da lei, maquiando o seu dever não cumprido, diante das exigências sociais urgentes.

E o mais triste de tudo é que o público presente, na grande maioria, não tinha um nível de informação suficiente para detectar aquele engodo. Excetuando-se as poucas pessoas vinculadas à instituição escolhida para sediar o evento.

Para não dizer que tudo foi perdido, em um determinado momento o palestrante foi feliz em uma de suas colocações, quando se referiu ao fato de que “aquilo que ele tentava fazer ali” não era uma conscientização porque, segundo ele, todos nós temos consciência do que é certo ou errado, e ele preferia dizer que tentava ali sensibilizar as pessoas para o problema, suas implicações e suas virtuais medidas de controle e, para isso, ele acreditava que o melhor caminho é o da Educação.

Mas seu discurso perdeu-se no vazio, pois o real motivo de sua presença ali era, sem a menor sombra de dúvida, o de assumir o picadeiro de um circo de faz-de-conta, cuja praça de apresentação não é “privilégio” só das comunidades carentes do interior, e sim do Brasil todo, do Mundo inteiro, de comunidades ricas e pobres, sem exceção. Pois, em média, a massa verdadeiramente preparada, com conhecimento de causa, apta a dar direcionamento racional, objetivo e ético a essas questões, é muito pequena, e fica diluída neste mar de hipocrisia em que se tornou o debate sócio-político-ambiental dos novos tempos.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

20 anos Sem Raul, O Maluco Beleza

Por Elton Valente

Faz vinte anos, neste 21 de agosto, que Raulzito se metamorfoseou para outras bandas, ou, mais precisamente, pagou sua conta com a "Geofagia"

Raul é, sem dúvida, um dos maiores artista da cultura musical brasileira. Crítico bem humorado, irônico, e, ao contrário do emblemático “maluco beleza”, era muito vivo, lúcido, culto e, obviamente, talentoso. Suas canções conseguiam agradar a todas as classes sociais. Era também um anarquista histórico e romântico.

Eu curto Raul desde seu primeiro sucesso nacional, o LP “Krig-ha, bandolo!” (Phillips, 1973), ouvia-o pelas ondas de um velho rádio AM. Apresentava-se ali, para mim, o primeiro grande Professor que tive. No velho rádio eu ouvia também, à mesma época, o impagável “Secos & Molhados”, naquela efervescência do início dos anos 70.

Em seu primeiro trabalho solo, de 1973, Raul já mostrou a que vinha. Talvez seja este o seu trabalho mais emblemático, no sentido autobiográfico.

Em minha avaliação, seu maior e melhor parceiro foi Cláudio Roberto Andrade de Azevedo, co-autor de “Maluco Beleza” e diversas canções impagáveis, como aquelas do LP “Abre-te Sésamo” (CBS, 1980) e tantas outras. O parceiro mais midiático foi Paulo Coelho que, em minha avaliação, beneficiou-se muito mais desta parceria do que o próprio Raul.

Raul, em 1976, cantou a própria morte em “Canto Para Minha Morte”, um tango piazzolesco de primeira. Piazzolla também tem o seu “Balada Para Mi Muerte”, que inspirou Raul.

Fica aqui, no Tateando Amarras, esta homenagem ao saudoso e genial roqueiro, filósofo bem humorado, anarquista histórico e romântico, guru de algumas gerações e ator, como ele mesmo dizia: “sou tão bom ator que finjo ser cantor e compositor e todo mundo acredita, ‘neguinho’ cai nessa, bicho!”, e dava boas risadas!



Imagem obtida em: alemdacurva

sábado, 15 de agosto de 2009

Woodstock 40 anos

O Festival de Woodstock completa 40 anos neste sábado. Foi realizado nos arredores de Nova York entre 15 e 18 de agosto de 1969, num tempo em que o uso de drogas tinha um viés romântico e ainda não remetia aos gravíssimos problemas sociais de hoje. Woodstock é, talvez, o mais emblemático exemplo do que a confraternização humana é capaz, quando se busca o amor, “o amor sob vontade” como dizia Raulzito a respeito de sua “Sociedade Alternativa”, numa citação de Crowley.

Woodstock reuniu meio milhão de pessoas, superando em muito o número de participantes esperados para o evento. Depreende-se deste fato todos os problemas de logística que isso acarretou. O caos era inevitável. Daí a surpresa, pois diante das dificuldades e, numa sobreposição de circunstâncias, as autoridades foram tolerantes e as pessoas compartilharam tudo o que tinham, os moradores locais davam comida e os problemas foram se resolvendo no maior exemplo da confraternização hippie de que o mundo tem notícia. Não houve problemas graves, exceto por duas mortes relacionadas ao uso excessivo de drogas.

Embora contasse com um elenco de artistas como Jimi Hendrix, Creedence, Janis Joplin, Joe Cocker, The Who, John Sebastian, Joan Baez, Santana, The Band, entre outros famosos, o festival destacou-se pelas circunstâncias imprevisíveis e pelo exemplo de harmonia social que mostrou ao mundo.

Woodstock é talvez o maior exemplo de que com amor, sem os grilhões dos valores materiais, é possível salvar o mundo e o homem, sobretudo dele mesmo.

Imagem 1: screenhead

Imagem 2: shellyrusten

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A lei antifumo, a política no Brasil e a carência de Estadistas

Os idealizadores desse blog não têm ideologias político-partidárias, religiosas ou outras quaisquer. Nossa preocupação política é com o estado de direito, com a democracia, com o fortalecimento das instituições democráticas e o respeito à Constituição.

Entrou em vigor a “lei antifumo” em São Paulo, projeto do atual Governador José Serra. Veja aqui.

O Governo de São Paulo transformou em potenciais contraventores os fumantes e os donos de estabelecimentos comerciais que permitirem o uso de cigarro em suas dependências. As restrições para o uso de cigarros em repartições públicas já é contemplado por legislação de âmbito nacional.

Pergunta-se: o que o Governo de são Paulo tem feito para resolver o problema da cracolândia? Porque José Serra não dispensa o mesmo empenho para resolver a questão das drogas em relação ao narcotráfico? E aqui incluímos outros problemas crônicos de qualquer Estado Brasileiro: A educação, a segurança pública, o atendimento no SUS, a infra-estrutura, a reforma política – com punição exemplar aos corruptos; problemas urgentes que são a verdadeira “doença” do Brasil e não vemos ninguém tratando destes assuntos de forma efetiva e concreta.

José Serra qualificou de “espíritos de porco” aqueles que são contra a sua lei. José Serra é um potencial candidato à Presidência da República. Do outro lado a candidata do governo é a ex-guerrilheira Dilma, que tem o currículo que todos conhecem. Lembrando que no Sistema Lattes e na página da Casa Civil o currículo de Dilma dizia que ela tinha uma formação acadêmica que ela não tem na realidade, o que foi corrigido depois de denúncias.

O Brasil sempre foi carente de estadistas no governo. Só consigo contar três governantes com esse perfil em toda a história brasileira, não vou citá-los para não desviar o foco. Fora do governo devem existir outros, mas no momento eu me lembro de apenas dois: Joaquim Nabuco e Rui Barbosa.

Ao qualificar de “espíritos de porco” aqueles que são contra sua lei, José Serra demonstra como trata aqueles que discordam de suas idéias. Eu tenho medo de gente autoritária no poder ou agregada ao poder. Em minha juventude eu vi o General Newton Cruz, potencial sucessor de Figueiredo, esbofetear um repórter na Rampa do Palácio do Planalto nos anos 80 – as principais emissoras de TV têm isso gravado em seus arquivos.

José Serra e Dilma já demonstraram, em mais de uma oportunidade, que são pessoas autoritárias, que não têm tolerância com aqueles que discordam de suas idéias. Gente com esse perfil psicológico é perigosa no poder.

Precisamos urgentemente de ESTADISTAS para governar o Brasil.

Em nossa avaliação, e cremos que na avaliação de muitos, a lei antifumo de São Paulo é discriminatória e antidemocrática, além de inútil. E ainda desvia recursos e atenção do Estado para problemas alheios às questões prioritárias de qualquer governo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Hiroshima e Nagazaki

Por Elton Valente

No dia 6 de agosto de 1945 a cidade de Hiroshima, no Japão, foi arrasada por uma bomba atômica, lançada pelos Estados Unidos da América.

No dia 9 seguinte, foi a vez de Nagazaki. Algumas estimativas dão conta de mais de 300.000 o número de pessoas que foram mortas ou feridas.

Em 15 de agosto de 1945, o Império do Japão anunciou sua rendição incondicional na II Grande Guerra.

Os atentados terroristas, que o mundo começou a experimentar a partir dos anos 70, incluindo-se aí o 11 de setembro do World Trade Center, por mais absurdos que possam ser, e o são, não chegam aos pés do 6 e 9 de agosto de Hiroshima e Nagazaki.

A bomba foi lançada sobre Hiroshima no começo da manhã, às 08h45min daquele fatídico 6 de agosto.

Neste fim de tarde, de 6 de agosto de 2009, pensando no quão terrível foi aquela noite, e os dias e noites que se sucederam, o Tateando Amarras convida todos a refletir sobre tudo isso. E fazendo jus ao viés poético deste blog, entregamos a palavra para Sua Excelência o Poeta Vinícius de Moraes, lembrando que este poema foi musicado por Gerson Conrad, integrante da banda Secos & Molhados, e gravado no álbum de estréia do grupo, pela gravadora Continental, em 1973. O poema e a música compõem uma trilha sonora triste, mas sublime, fundamental e necessária:

Rosa de Hiroshima
(Vinícius de Moraes)

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada


Imagem da explosão da bomba sobre Nagazaki

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Os Dinossauros e Deus

Por Elton Valente

Nota: este texto foi publicado originalmente no blog Geófagos em 10/01/2009. Agora, com a vinda de Dawkins ao Brasil (Pirenópolis e FLIP 2009), muito se discutiu sobre o tema, então resolvi resgatá-lo, pois estou trabalhando um texto novo sobre o assunto.

A ciência vive de idéias e fatos, a cultura universal vive de idéias e fatos. O problema surge quando os fatos são manipulados e as idéias viram dogmas. Na seqüência, vem o encabrestamento dos homens e de sua capacidade de pensar e questionar o mundo que os cerca. Quem discorda das convenções sempre enfrenta o Tribunal do Santo Ofício.

Tudo bem que se acredite no Criacionismo. O absurdo é tentar impor sua aplicação como disciplina nas escolas. Pior, às vezes ele vem como plataforma política. Vide o governo Bush (2001-2009), seus simpatizantes e alguns outros exemplos mundo afora.

Para os criacionistas Deus criou o mundo e tudo o que nele há. O relato absoluto desta epopéia é a Bíblia, escrita pelos homens, mas por inspiração e ordem expressas do Criador. Contando-se as gerações regressivas de Cristo até Adão, chega-se ao surpreendente cálculo de que o mundo, ou o universo, foi criado por Deus cerca de 5.000 a 6.000 anos atrás – estes são números oficiais. Alguns “criacionistas modernos” tentam empurrar “a data da criação” para cerca de 10.000 anos. Mas o fato é que antes disso não havia nada. “No princípio era o abismo e a escuridão” (Gênesis: 1).

Aos criacionistas uma questão simples e objetiva: por que a Bíblia não fala dos dinossauros? Ela não traz o relato absoluto, fiel e acabado da obra do Criador?

Existe uma resposta lapidar para esta questão. A pergunta e a resposta não são minhas. Tomei-as emprestadas de dois grandes amigos meus que pediram para permanecerem anônimos. Certa vez, não faz muito tempo, estávamos na casa de um deles em uma festa de fim de ano. Havíamos bebido alguma cerveja, é bom que se diga. Lá pelas tantas, um deles, o mais religioso, diga-se, questionou: — Por que a Bíblia não fala dos dinossauros, ela não deveria falar de tudo o que existe no mundo? O outro respondeu: — É porque os dinossauros são de antes de Deus!

Uma sábia resposta para uma oportuna pergunta! Gostei tanto que guardei-as em minhas anotações. E agora faço um resgate delas.

É curioso como muitas vezes é difícil enxergar o óbvio. O homem criou Deus no momento em que começou a pensar nele, criando assim o conceito de divindade. A Bíblia foi escrita depois, e muito antes do homem tomar conhecimento da existência dos Dinos, portanto eles não poderiam estar lá. Observe que você encontra na Bíblia o trigo, a uva, a oliveira, a ovelha, o camelo, a base da economia do Oriente Médio bíblico, mas não encontra o milho, a batata, o cacau, o amendoim e a lhama, produtos típicos do Novo Mundo, da América Pré-Colombiana no período equivalente. É simples, Deus na Bíblia só sabe daquilo que o homem sabia.

Enxergar o óbvio quando se trata de religião é ainda pior, fomos criados por nossos pais, pelo menos a maioria de nós, com Deus sempre presente, à espreita, vigiando, ameaçando, “vendo fazer tudo que se faz dentro do banheiro” (Raul Seixas em Paranóia), aí fica difícil para muita gente imaginar-se sem Deus, imaginar o mundo sem Deus. O medo às vezes é tanto que alguns nem cogitam pensar no assunto. E assim caminha a humanidade, em círculos, na velha caverna de Platão.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Minhas Andanças Por Este Brasilão Imenso


Por Elton Valente

Em minhas andanças por este Brasilão Imenso, muitas vezes fui “assaltado” pelas memórias de algumas excelentes disciplinas do Departamento de Solos da UFV, que cursei na pós-graduação. Há outras, mas aqui vão dois destaques para os interessados e curiosos: Gênese e Classificação de Solos, do Professor João Carlos Ker, e Pedogeomorfologia, do Professor Carlos Ernesto Schaefer.

Próximo da divisa de Minas com a Bahia, vi uma movimentação de solo que me chamou a atenção e a nostalgia. Tratava-se, aparentemente, de um material de Latossolo Amarelo, o antigo e legítimo “Latossolo Amarelo Variação Una”. Uma beleza só! Amarelíssimo. Em se usando aquela técnica do Professor Anôr Fiorine e equipe, para fabricação de tintas utilizando o solo como matéria prima, é possível fazer uma tinta muito bacana com aquele solo.

Lembrei-me, então, que na Disciplina do Professor João Ker, tive a oportunidade de conhecer um perfil de solo que já pertenceu a essa classe de Latossolos, “Variação Una”, lá em São Gotardo, MG. O perfil, embora não tão amarelo quanto o “Una Original”, faz parte do “Roteiro Pedológico” da Classificação de Solos, do DPS/UFV. Fica localizado próximo ao trevo, entre São Gotardo e a BR-354. Visitei-o por duas vezes, em 2004 e 2005. Eis o dito cujo:

Pelo SiBCS/2006, esse perfil agora é classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo, com Horizonte A Moderado. Embora tenha influência de Tufito (material de cinzas vulcânicas comuns daquela área – o que também, por si só, não diz nada, pois há cinzas e cinzas), é um solo relativamente pobre do ponto de vista químico. É muito gibbsítico, rico em ferro, com alto poder de adsorção de fósforo. Mas do ponto de vista físico, estes são solos muito agricultáveis, portanto suportam aquela agricultura de ponta que existe naquela região. É uma região muito produtiva.

Aproveito para me lembrar de amigos e amigas que têm um ou dois pés lá em São Gotardo, como a Sibele – Esse povo mineiro é tudo gente boa! Em homenagem a eles e seus familiares são-gotardenses, ofereço “esta foto histórica” do tal Perfil de Solo, que registra a nossa passagem por lá. E, é claro, em homenagem aos colegas da turma de pós-graduandos de junho de 2004, da Disciplina do Professor João Ker: Marcão (nosso fotógrafo oficial na ocasião), Nilson, Edgley, Henrique, Juscimar (meu colega dos velhos tempos do Geófagos), Roberto Michel, Eliete, Helton Nonato, Karina, Diana, Leila, Aline, Ulisses Bremmer, Bruno Vasconcelos, Fábio e Evaldo.

Em verdade eu vos digo, nobres colegas, em tom de nostalgia e saudade, “esse charme brasileiro de alguém sozinho a cismar” (by Belchior), que nossa existência, posto que breve, se comparada ao largo hiato do tempo, permita-nos a consubstanciação, a realização dos reencontros... Até mais ver, teto sem forro / até mais ver, telha de barro / até mais ver, copo de folha / até mais ver, Sertão... (by Sá, Rodrix & Guarabyra).

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Porque a gente precisa acreditar na vida

Por Elton Valente

Sempre fui chegado a uma crônica. Admiro e respeito demais os Cronistas. A crônica tem aquele lance mágico de nos transportar para... A Vida! A boa crônica resgata nossa vida, a vida do mundo, das pequenas coisas, das coisas que nos pertencem, daquilo que realmente faz sentido e importa. Pois o resto é ilusão ou vaidade.

Eu poderia recomendar um mundaréu véio de cronistas aqui. Desde gente com estofo e fama, feito Drummond, a cronistas pouco conhecidos, como um que publicava belas crônicas no jornal Diário do Rio Doce, de Governador Valadares.

Mas vou citar apenas um, pela facilidade de acesso ao trabalho dele. Chama-se Samarone Lima, do Recife. Dono do blog Estuário, que pode ser acessado aí, na coluna da direita, em nossa lista de blogs recomendados. Tem muita coisa boa lá no blog do Samarone.

Como aperitivo, recomendo estas duas aqui:

1) (http://www.estuario.com.br/2009/07/26/na-lojinha/).

2) (http://www.estuario.com.br/2009/07/22/o-elefante-azul-2/).

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Drummond na blogosfera mineira e brasileira

Por Elton Valente

Deixei neste instante um comentário no excelente texto (sempre excelentes) do nosso Irmão Marcus Locatelli, no EdafoPedos.

Drummond já apareceu aqui no Tateando Amarras, por uma razão, digamos, um tanto mais prosaica. Em virtude das observações de Fernando Brasil sobre as “observações” de Obama e Sarkozy. Mas isso é outro assunto.

Acontece que Drummond é um fato ubíquo, indissociável da mineiridade. Presente na vida de mineiros e simpatizantes de Minas Gerais. Drummond deixa ainda mais orgulhosos esses que, naturalmente, já são “orgulhosos, de ferro”, como dizia o próprio.

Portanto, eu não poderia deixar de fazer esse comentário aqui e parabenizar o Locatelli pelo seu excelente texto.

Felicidade e muita poesia a todos!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Os blogs e os atos confessionais. Um perigo (?)(!)

Senhores (as) Blogueiros (as) e simpatizantes! Este assunto nos interessa e creio que para muitos já não é novidade. Li hoje uma matéria no Yahoo que trata de um assunto aparentemente banal, mas que encerra uma questão no mínimo interessante.

A matéria é da Reuters de Nova York e trata de um trabalho realizado por dois pesquisadores da Universidade de Vermont. Eles elaboraram um método para medir a felicidade das pessoas, ou melhor, dos blogueiros, a partir do que eles escrevem em seus blogs. Atribuíram valores a determinadas palavras como: vitorioso, paraíso, orgulhoso, suicídio, estúpido, e assim por diante.

Abrindo parênteses: há uma interessante linha de pesquisa nas áreas de Letras e Comunicação Social que se chama “Análise do Discurso”, muitíssimo interessante. É possível detectar com método científico “a intenção por trás do discurso”. É! A vida está ficando cada vez mais difícil!

Mas voltando ao que nos traz aqui, os pesquisadores analisaram um período de quatro anos da vida estadunidense (americanos somos todos nós), a partir de 2,3 milhões de blogs.

Concluíram que o dia mais feliz foi o da eleição do “exterminador de moscas”, Barack Hussein. E o mais triste... não precisa dizer, vocês já sabem. Beat It!

Fora estas banalidades todas, a questão é que muito de seu perfil ou de você, blogueiro, está em seu discurso. O que você coloca em seu blog pode ser um Ato Confessional. Muito embora, juridicamente, se conclua pela relatividade da confissão (não sou jurista, é bom que se diga). Portanto a confissão não é admitida como prova cabal, única, definitiva. Porque, segundo os juristas, o cidadão tem inúmeras razões para a confissão, desde razões morais e éticas até a mais absoluta falta de caráter, além da tortura, é claro.

A confissão pode até ser aceita judicialmente, desde que obedeça a uma série de requisitos (mesmo assim, o cidadão pode se arrepender e contestar, facilmente, a própria confissão). Mas esta é outra face da questão.

O fato é que seu blog pode conter muito de seu “perfil psicológico” e muito de suas “intenções além do discurso” – jargões utilizados por duas conterrâneas e amigas que tenho, profissionais destas áreas, Psicologia e Liguística.

É bom tomar cuidado!

E aqui eu me descuido e me denuncio, mas não vou perder a oportunidade:

ET. Veja como a felicidade costuma andar de braços dados com a mais profunda decepção. O dia mais feliz para os estadunidenses, nos últimos anos, foi aquele da eleição de Barack Hussein, que ainda não se decidiu de que lado está. E parece que não vai se decidir nem nos próximos quatro anos. Ou seja, Tio Sam tem muita decepção pela frente. Isso para a felicidade dos Aiatolás, dos norte-coreanos, Chávez, Evos, Zé-Layas... Que, pelo andar da carruagem, terão uma felicidade muito mais intensa do que a dos eleitores que elegeram Barackinho.

ET. 2 - A matéria no Yahoo pode ser acessada aqui:

terça-feira, 28 de julho de 2009

Ciclagem Biogeoquímica Nos Solos Tropicais (3)

Por Elton Valente

Nestes três textos (neste e nos dois abaixo) estamos fazendo algumas considerações pontuais sobre a Ciclagem Biogeoquímica nos trópicos. O assunto é complexo. Portanto estamos chamando a atenção apenas para alguns pontos, considerando algumas condições geralmente extremas, ou muito restritivas, dos ambientes tropicais. Depois do exposto nos textos anteriores, chamamos a atenção aqui para outro fato interessante.

A definição clássica e simplificada do solo diz que ele é o resultado da ação integrada do clima, dos organismos e do tempo, agindo sobre as rochas. Em outras palavras, o solo é a interface entre a litosfera (rochas), atmosfera e biosfera.

A evolução inicial do solo (sim, o solo evolui) se deu com a evolução dos vegetais e com a evolução dos organismos decompositores da matéria orgânica. Alguns autores consideram, inclusive, uma co-evolução entre algumas angiospermas (plantas cujas sementes se encontram no interior de frutos), organismos como os térmitas (cupins) e os Latossolos (típicos solos tropicais).

Mas as plantas foram (e são) fundamentais neste processo de “construção” dos solos. São elas que produzem a matéria orgânica que, no fim das contas, como já vimos, caracteriza uma “porção de terra” (ou substrato) como solo.

Em condições que vamos chamar aqui de “normais” (para simplificar), mesmo nos trópicos, os solos são fontes de nutrientes (provenientes da decomposição das rochas). As plantas absorvem tais nutrientes, sintetizam carbono (biomassa) e esse material “volta ao solo”(*), na forma de serrapilheira ou nos corpos de animais mortos dos vários níveis tróficos, para ser decomposto (mineralizado). Dá-se então o que chamamos de Ciclagem Biogeoquímica, pois é um processo que envolve o solo, as rochas e os organismos na ciclagem de nutrientes (substâncias químicas) na superfície terrestre.

Mas, quando se trata da natureza, nada é tão simples quanto parece – a lógica é simples, mas os processos são complexos. As condições ambientais nos trópicos, muitas vezes, são bastante estressantes e restritivas. Portanto, nestes ambientes, as plantas apresentam características adaptativas que permitem a elas contornar tais problemas. Em muitos casos, a Ciclagem Biogeoquímica é muito mais Bio do que Geo, como já apresentado nos dois textos anteriores. Ou seja, nestes casos, a “intimidade” das plantas com os solos não é tão estreita quanto se poderia imaginar.

(*)
Veja os dois posts abaixo.

Ciclagem Biogeoquímica Nos Solos Tropicais (2)

Por Elton Valente

No post anterior a este (logo abaixo), fiz apenas uma pequena introdução, de forma simples e ligeira, ao fato que considero muito importante nesta questão da Ciclagem Biogeoquímica, que são os “antagonismos” entre a vegetação neotropical e os solos destes mesmos ambientes.

Há dois pontos principais aí: um é a necessidade de entender melhor estas questões, pelo conhecimento em si, de como comporta a vegetação natural, pela possibilidade de aplicação deste conhecimento na agricultura do futuro (ou alguém aí ainda acredita na inesgotabilidade dos recursos naturais?). O outro ponto, que considero importante, é pela questão do sequestro de carbono nestes tempos de “aquecimento global”, neste caso, permitindo ajustes no manejo dos solos de acordo com suas potencialidades em sequestrar mais ou menos carbono.

Já disse no texto anterior que, nos ecossistemas do neotrópico, em geral, a ciclagem biogeoquímica não se dá por um processo perfeitamente integrado entre o solo e a vegetação. Em muitos casos, nas florestas tropicais, a grande concentração de raízes superficiais, explorando diretamente a manta orgânica, é uma nítida característica adaptativa que denuncia esta que chamo de “falta de integração” entre o solo e a vegetação nos processos de ciclagem biogeoquímica. Em alguns casos, o solo é quase simplesmente um meio para fixação (sustentação física) e uma “caixa” que retém água, pois os principais processos relacionados à manutenção nutricional das plantas encontram-se na manta orgânica. Esta é uma estratégia adaptativa que, na prática, “evita”, tanto quanto possível, o contato dos nutrientes com o solo, onde estes poderiam “se perder” por algumas vias, como lixiviação em solos arenosos e fixação por óxidos em solos argilosos.

Esta situação, descrita no parágrafo anterior, é comum na Amazônia e em ambientes restritivos como aqueles encontrados nos Capões Florestais da Serra do Cipó. Ou seja, em tais ambientes, a grande reserva nutricional encontra-se na própria biomassa vegetal.

A figura(*) abaixo (peço desculpas pela qualidade ruim da imagem) pretende mostrar uma vegetação exuberante, Floresta Ombrófila, e suas respectivas classes de solo, evidenciando a extrema pobreza química dos horizontes sub-superficiais. Este ambiente, localizado na Serra do Cipó, é um bom exemplo desses ecossistemas onde a grande reserva nutricional encontra-se na própria vegetação.

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(*) Também aqui, a figura apresentada e parte desta discussão têm como fonte o seguinte trabalho:

VALENTE, E. L., 2009. Relações solo-vegetação no Parque Nacional da Serra do Cipó, Espinhaço Meridional, Minas Gerais. Viçosa: UFV, 2009, xvii, 138p.: il. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas).

Ciclagem Biogeoquímica Nos Solos Tropicais

Por Elton Valente

Nesses tempos de “aquecimento global antrópico”(?) a “grande preocupação” é com o que se passa no céu (na atmosfera), os “vigilantes de plantão” vivem buscando sinais de fumaça no ar, afinal estamos respirando tudo isso. Mas há coisas no chão (no Solo) que merecem muita atenção da ciência e da mídia.

O Solo tem uma relação muito íntima com o carbono. Aliás, uma “porção de terra” (um substrato) só ganha o status de “Solo” se apresentar horizonte A. E o que caracteriza o horizonte A, por sua vez, é a presença de matéria orgânica. E este é apenas o princípio desta “relação íntima”. Sob determinadas condições, o solo é um dreno importantíssimo de carbono na forma orgânica (matéria orgânica). Se forem alteradas algumas destas condições, principalmente pelas atividades humanas, aquele solo que era dreno pode se tornar fonte emissora de grandes quantidades de CO2.

Alguns solos, por suas condições naturais do meio, não armazenam grandes quantidades de matéria orgânica. Em outras palavras, o seu estoque de matéria orgânica é reduzido porque neles a ciclagem do carbono é muito rápida, ou seja, há ali uma elevada taxa de mineralização da matéria orgânica, portanto esta não se acumula em grandes volumes. Mas o contrário também é verdadeiro, sob determinadas condições a matéria orgânica pode se acumular em grandes quantidades, a exemplo das turfeiras.

Uma questão importante, que considero ainda pouco discutida, ou pouco explicitada (em que pese minha ignorância), é que este assunto da ciclagem biogeoquímica, nos ecossistemas tropicais, é tratado “em um só pacote”. Ou seja, como se a ciclagem se desse por um mecanismo integrado entre o solo e a vegetação no processo de decomposição da matéria orgânica, o que não é simples assim, muito menos uma verdade. Nos trópicos, em geral, a vegetação compete, “disputa”, com o solo o acesso à matéria orgânica. A vegetação neotropical apresenta nítidas características adaptativas que permitem evitar, ou pelo menos tendem a retardar o contato da matéria orgânica com o solo em um primeiro momento. A manifestação mais visível deste fato é a grande concentração de raízes superficiais nas florestas do Neotrópico, explorando diretamente a manta orgânica depositada na superfície do terreno. Como mostra a figura(*) lá em cima. Pretendemos discutir as razões desse fato num próximo post.

É como se houvesse (e na prática há) uma “luta” da vegetação contra o solo. Nesta luta, busca-se como troféu o primeiro acesso ao material orgânico que se deposita na superfície do terreno. Em geral uma vegetação bem estabelecida, uma floresta, por exemplo, faz isso com relativa eficiência. Aí aquelas frações ditas “lábeis” da matéria orgânica são acessadas rapidamente pela vegetação, como fonte de nutrientes. Restando ao solo, proporcionalmente, aquelas frações “menos lábeis”, que também são chamadas de “frações mais estáveis” ou “recalcitrantes” que, numa definição mais simples, são aquelas frações de difícil decomposição pelos microorganismos. Estas frações contêm compostos químicos “indigestos” e muitas vezes tóxicos, como os compostos fenólicos ou óleos essenciais, geralmente associados à lignina.

Nossos proprietários rurais, na prática, conhecem algumas espécies de árvores cuja madeira é bastante durável, mesmo em contato com o solo. Tais espécies são muito cobiçadas para uso em cercas e outras construções rurais. Elas apresentam em sua madeira altos teores desses compostos. Portanto, mesmo que essa madeira entre em contato com o solo, sua decomposição é muito lenta, o que pode durar décadas. Dois bons exemplos são a Candeia-Preta (Eremanthus erythropappus), da qual inclusive se extrai um óleo muito empregado na indústria, e a Braúna (Melanoxylon brauna), hoje rara e protegida por lei.

Em um próximo post, pretendemos continuar tratando deste assunto.

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(*) A figura apresentada e parte desta discussão têm como fonte o seguinte trabalho:

VALENTE, E. L., 2009. Relações solo-vegetação no Parque Nacional da Serra do Cipó, Espinhaço Meridional, Minas Gerais. Viçosa: UFV, 2009, xvii, 138p.: il. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas).

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Nós Os Bichos

Aguardando inspiração em prosa, segue um poema de nossa própria lavra, dedicado aos nossos irmãos de Reino e raça. Ou um adicional para entender o enredo desse tango do argentino doido, que é a civilização.

Nós Os Bichos

Nós os Homo sapiens
Nós os irmãos de Darwin
Nós os bichos

Carinhosos
Caridosos
Comovidos

Nós os bichos

Animais diferenciados
Predadores superdotados
Pretos, brancos, índios...

Nós os bichos

Cristãos
Islamitas
Peregrinos

Nós os bichos

Inventivos
Festivos
Famintos

Nós os bichos

Belicosos
Perigosos
Destrutivos

Nós os bichos

Sequiosos
Gananciosos
Assassinos

Nós os bichos

Pretos, brancos, índios...
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Fernando Brasil
13 de fevereiro de 2006

domingo, 26 de julho de 2009

Solos da Serra do Cipó e Suas Fitofisionomias: (5)

Por Elton Valente

Continuação...

Em uma sequência de posts, abaixo, são apresentados alguns perfis de solo, a descrição de suas características gerais e respectiva vegetação. Estão localizados na Serra do Rio Cipó, no Espinhaço Meridional-Sul, em Minas Gerais. Trata-se de um Transecto de Campo Rupestre para Floresta, em um Capão Florestal desenvolvido sobre solos argilosos, derivados do intemperismo de Filito (Rocha Metapelítica). São todos solos ácidos, muito pobres em nutrientes, ricos em matéria orgânica e apresentam altos teores de alumínio trocável. O Capão Florestal ocupa uma área de aproximadamente 14,5 hectares.

Os Capões Florestais da Serra do Cipó são “ilhas” de Florestas circundadas por Campos Rupestres graminosos naturais. Nesta área, os Campos Rupestres desenvolvem-se sobre solos derivados do intemperismo de Quartzito (Rocha Metapsamítica). As fitofisionomias florestais dos capões estudados correspondem a Disjunções de Floresta Ombrófila, com elementos que caracterizam a Mata Nebular.

Entre os elementos que caracterizam a Mata Nebular, naquele ambiente, destacam-se diversas famílias e gêneros de epífitos, como liquens foliáceos e filamentosos, orquídeas, bromélias, briófitas e peteridófitas. A vegetação florestal é floristicamente associada ao bioma Mata Atlântica, embora a região corresponda a um ecótono entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado.

A fonte original destas informações é uma pesquisa de doutorado que trata das relações entre o solo e a vegetação na partes mais elevadas da Serra do Rio Cipó. Foram estudados três transectos de Campo Rupestre para Floresta, a saber: T1 – floresta sobre solos de Filito (Rocha Metapelítica); T2 – floresta sobre solo de Quartzito (Rocha Metapsamítica); e T3 - floresta sobre solo de Anfibolito (Rocha Metabásica).

Nesta sequência de textos apresentada, tratamos apenas do Transecto 1. Os outros serão postados brevemente. Os dados para citação do trabalho podem ser encontrados no fim dos textos (*).

Transecto 1, face de exposição sul: localização dos perfis de solo de 1 a 4 indicados.


Transecto 1, face de exposição norte: localização dos perfis de solo de 5 a 7 indicados.

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Para citação:

VALENTE, E. L., 2009. Relações solo-vegetação no Parque Nacional da Serra do Cipó, Espinhaço Meridional, Minas Gerais. Viçosa: UFV, 2009, xvii, 138p.: il. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas).

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Solos da Serra do Cipó e Suas Fitofisionomias: (4)

Por Elton Valente

Continuação...

Dando continuidade a uma abordagem geral sobre alguns solos da Serra do Cipó e suas fitofisionomias, temos um perfil de solo de uma área sob alagamento, por afloramento do lençol freático, cuja água é de percolação lateral (drenagem interna) proveniente da área do Capão Florestal. Não é água do riacho que margeia a área, este corre sobre um leito rochoso de Quartzito, abaixo do nível do terreno.

Trata-se do último perfil de solo do transecto (Transecto 1), de Campo Rupestre para o Capão Florestal que ocorre sobre solos derivados de Rocha Metapelítica (Filito).

Transecto 1, Perfil 7: Cambissolo Flúvico Tb Distrófico Gleissólico (CYbd)


Cambissolo Flúvico Tb Distrófico Gleissólico (CYbd): trata-se de um terreno pantanoso e hidromórfico, formado por sedimentos de colúvio (material removido das partes mais elevadas do terreno para as partes baixas da encosta), sem influência aluvial (depósitos de rio) marcante. O colúvio é derivado dos solos argilosos de montante e foi depositado sobre uma base rochosa de Quartzito. Abaixo do horizonte B, encontra-se um solo enterrado. Não há no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS, 2006) uma classe de Cambissolo cujo segundo nível categórico atenda as condições deste perfil. Mesmo sem apresentar influência fluvial (aluvial), o perfil foi classificado como Cambissolo Flúvico Tb Distrófico Gleissólico, neste caso, por ser esta classe a mais próxima das condições observadas. Trata-se de um solo ácido, muito pobre em nutriente, rico em matéria orgânica e apresenta altos teores de alumínio trocável. É argiloso, derivado do intemperismo de Rocha Metapelítica (Filito). Sobre este solo desenvolve-se uma fitofisionomia florestal, que corresponde a Mata de Galeria.

Assim como nos outros ambientes (de cada perfil de solo), o levantamento florístico foi realizado em um espaço de 800 m2 de área efetiva. Aqui foram amostrados 239 indivíduos. Destes, nesta área, a espécie Trembleya parviflora (família Melastomataceae) corresponde a 39% do total de indivíduos amostrados, a espécie Drimys brasiliensis (Winteraceae) corresponde a 26% do total e Richeria grandis (Euphorbiaceae) com 11%. Portanto, estas três espécies sozinhas participaram com 76% dos indivíduos amostrados.

São espécies comuns neste ambiente: Tapirira obtusa (família Anacardiaceae); Hedyosmum brasiliensis (Chlorantaceae); Richeria grandis (Euphorbiaceae); Talauma ovata (Magnoliaceae); Trembleya parviflora (Melastomataceae); Myrsine ferruginea e M. umbellata (Myrsinaceae); Euterpe edulis – palmito-juçara (Palmae); Posoqueria latifolia (Rubiaceae); Drimys brasiliensis (Winteraceae); entre outras. Com destaque para Drimys brasiliensis e Talauma ovata, que são espécies típicas de áreas alagadas, nas matas de altitude do Neotrópico.

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Para citação:

VALENTE, E. L., 2009. Relações solo-vegetação no Parque Nacional da Serra do Cipó, Espinhaço Meridional, Minas Gerais. Viçosa: UFV, 2009, xvii, 138p.: il. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas).

OEA é títere de Chávez na questão de Honduras

As declarações de José Miguel Insulza (OEA), feitas ontem, revelam as intenções escusas dessa gente. Para eles não há nenhum acordo que não seja entregar Honduras ao bolivarianismo. Nem mesmo as eleições normais e regulares serão reconhecidas. Matéria da Folha aqui. Recusaram a intermediação diplomática de Oscar Arias, da Costa Rica, suficiente para por fim à crise, porque eles simplesmente não querem o fim da crise. Está aí, nas palavras do secretário-geral da OEA.

A matemática deles é notória. Hugo Chávez só ganha a parada com o retorno incondicional de Zelaya. Por isso eles não querem acordo.

Se Zelaya retornar incondicionalmente, ganha Hugo Chávez, ganha o bolivarianismo e a Democracia vai pro espaço.

Mantido o governo interino e realizadas as eleições de novembro, ganha a Democracia, ganham Honduras e os hondurenhos.

Cadê Barack Hussein, el matador de moscas?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Honduras é reveladora

Por Elton Valente

Sobre a questão de Honduras, alguns incautos ainda não entenderam o resumo da ópera e os desonestos estão se deleitando com ela.

Eu sei que é chato, mas parece que alguns FATOS ainda precisam ser repetidos:

1) Manuel Zelaya, aliado de Hugo Chávez, tentou um “referendo popular” para modificar unilateralmente a Constituição de Honduras e permanecer no poder, como já foi feito, em seus respectivos países, por Hugo Chávez e Evo Morales, e pretende fazê-lo Daniel Ortega.

2) A Suprema Corte de Honduras, com base na Constituição, declarou tal referendo inconstitucional.

3) Zelaya, à moda dos ditadores, tentou aplicar o referendo assim mesmo, usando as Forças Armadas.

4) As Forças Armadas, cumprindo a decisão constitucional da Suprema Corte, destituiu Zelaya e, conforme reza a Constituição, deram posse a Roberto Micheletti, Presidente do Congresso, em um governo provisório que vai até a data das eleições, previstas para novembro/2009. Tudo conforme estabelecido na Constituição daquele país. Ou seja, NÃO SÃO AS FORÇAS ARMADAS QUE ESTÃO GOVERNANDO HONDURAS, E SIM UM GOVERNO CIVIL, PROVISÓRIO E CONSTITUCIONAL.

Com base nos fatos e não em nossa vontade, o cidadão que em pleno gozo de suas faculdades mentais defende o retorno incondicional de Zelaya ao governo de Honduras e ainda qualifica o Governo Provisório de Roberto Micheletti (Presidente do Congresso) como inconstitucional e golpista, tem três opções, não excludentes, para ser qualificado:

1) É simpático a Hugo Chávez e seu bolivarianismo caudilhesco, alinhados ao narcotráfico.

2) Está mal informado e não entende absolutamente nada de Democracia.

3) Assina um atestado negativo, altamente depreciativo, contra a própria inteligência ou conduta moral.

Nos itens 1 e 3 se enquadram, por exemplo, Krupscaia Ali (CNN), Barack Hussein Obama, Miguel D’escoto (ONU) e José M. Insulza (OEA).

É isso!

ET. Nosso confrade Marcelo Hermes, do Ciência Brasil, nos lembra desta matéria aqui no Estadão de hoje. Embora no texto, Demétrio Magnoli ainda chame a operação constitucional que depôs Zelaya de "golpe".