quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Hiroshima e Nagazaki

Por Elton Valente

No dia 6 de agosto de 1945 a cidade de Hiroshima, no Japão, foi arrasada por uma bomba atômica, lançada pelos Estados Unidos da América.

No dia 9 seguinte, foi a vez de Nagazaki. Algumas estimativas dão conta de mais de 300.000 o número de pessoas que foram mortas ou feridas.

Em 15 de agosto de 1945, o Império do Japão anunciou sua rendição incondicional na II Grande Guerra.

Os atentados terroristas, que o mundo começou a experimentar a partir dos anos 70, incluindo-se aí o 11 de setembro do World Trade Center, por mais absurdos que possam ser, e o são, não chegam aos pés do 6 e 9 de agosto de Hiroshima e Nagazaki.

A bomba foi lançada sobre Hiroshima no começo da manhã, às 08h45min daquele fatídico 6 de agosto.

Neste fim de tarde, de 6 de agosto de 2009, pensando no quão terrível foi aquela noite, e os dias e noites que se sucederam, o Tateando Amarras convida todos a refletir sobre tudo isso. E fazendo jus ao viés poético deste blog, entregamos a palavra para Sua Excelência o Poeta Vinícius de Moraes, lembrando que este poema foi musicado por Gerson Conrad, integrante da banda Secos & Molhados, e gravado no álbum de estréia do grupo, pela gravadora Continental, em 1973. O poema e a música compõem uma trilha sonora triste, mas sublime, fundamental e necessária:

Rosa de Hiroshima
(Vinícius de Moraes)

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada


Imagem da explosão da bomba sobre Nagazaki

3 comentários:

  1. Olá,Elton

    É cheio de sugestões o seu post. Lembra ele muitas outras "bombas". Mas antes de perfilar algumas,se me permte,vai uma historiazinha. O Presidente de um Congresso Internacional de Solos de há muitos anos,lembrou-se,para dar início às Sessões de trabalho,de fazer um balanço do que tinha sido o labor em duas ou três dezenas de anos atrás. E chegou a uma conclusão algo triste. A maioria esmagadora dos trabalhos não fora mais do que uma repetição,só que fazendo uso de diferente metodologia, que o avanço tecnológico,entretanto, tinha permitido.
    Depois,ainda antes da "bombas",seja-me autorizado lembrar ,ainda, "A Catástrofe e a Lei das Emoções" de Eça de Queirós,numa curta alusão. Ai que a prima Rita partiu um braço. E toda a gente lá da reunião se apressou a ir visitar a prima Rita. Mas antes,alguém,lendo um jornal,foi anunciando as desgraças que no dia anterior tinham acontecido neste pobre mundo. Pois nem um coitados se ouviu.
    E agora,vamos às "bombas". Ninguém,por mais empedernido,ficou insensível a uma calamidade daquelas. Mas quantas calamidades tinham sucedido antes,ao longo de milhares de anos,muito diferentes,é certo,mas calamidades com a marca de sempre,a marca humana.
    E é de lembrar,aqui, alguns dos seus autores.
    Os Darios,o Nabuconodosor,o Alexandre da Macedónia,os Césares,os Celtas,os Godos,os Normandos,os Vândalos,os Árabes,o Átila,o Gengiscão,o Tamarelão,a Aventura Trágico-Maritima,os Impérios Medernos,o Napoleão,o Hitler.
    O que tudo isto pressupõe,as destruições,as mortes,as orfandades,as viuvezes,as violações,o riso,a raiva,os olhos sem lágrimas,por terem sido todas gastas.
    Por quem os sinos dobram,Elton,por quem?
    Ah Elton,nunca mais se sai daquela muito velha divisão dos pobres diabos que todos,a bem dizer,somos,a divisão de bons e maus,os bons,os nossos,mas também,quando calha,só eu,e os maus,muito maus,os outros.
    E pronto,Elton,mas a culpa étoda sua,pois não deixa de postar textos muito,muito desafiantes.
    Muito boa saúde.

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  2. Tamanha ignomínia faz-me duvidar se somos mesmo H.sapiens, e não monstros.

    Obrigada, Elton, por lembrar-nos dessas datas. Não podemos jamais esquecer!

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  3. Lembrei-me de Hannah Arendt e vou reformular meu comentário anterior. Somos mesmo todos H. sapiens. A banalização do mal é que nos faz monstros.

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